quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Fé sem rima

Ela se vestiu
Eu estava ali na luz daquele altar
Veio então se desaguar
Coisas que eu fingi guardar
Sem borburim e sem chegada
Ela se fez marcar
Jogou os pés descalços na escuridão
Sem medo de tropeçar
Ela se fez de minha
E não sabe mais voltar
Então joguei no ar
Não quis mais saber de rua
Tranquei-me em minhas novas descobertas

Caio Flavoni

sábado, 18 de abril de 2009

Purificação

Choveram pedras do céu
Brotaram pedras do chão
Saraivadas de verdades
E mensagens me atingiram essa tarde
Me chamaram de algum lugar
E eu não tinha dado ouvidos
Aclamaram velhos e novos espíritos
A rua, o mar, a terra, a chuva, na natureza
Cada um tem seu chamado
Tem seu gado
Precipito-me ao caminhar pro aqui sem pedir permissão
Me achando o dono daqui
Sem saber respeitar o grau de hierarquia espiritual
Saúdo eles em cada prece a Deus agora
Minha crença agora se renova
Peço luz pra mim e para meus antepassados
O caminho é tão grande, que nos perdemos mesmo
Medo de errar o caminho é normal
Mas atrapalhar os outros é desrespeito a vida de cada ser ou individuo
Luz , amor e respeito por todo nosso caminho
Infinito

Caio Flavoni

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Moleque Zinho

Moleque Zinho

O molequinho
Com a lata no lageiro
Sai correndo, sai ligeiro pra dona num te pegar.
Moleque Zinho
Moleque
Moleque solto
Moleque
Moleque gingo
Moleque
Pé de moleque
De mulato sabiá
Sabiá sobe
Sobe em cima da roseira
Faz o ninho na porteira
Pro moleque num estragar
Moleque Zinho
Moleque
Moleque doido
Moleque
Moleque doce
Moleque
Dá esse gosto pra tua mãe num te lascar
Pulo de gato
Pega fruto do vizinho
Dá teco em passarinho
E não para de aprontar
Moleque Zinho
Moleque
De juízo torto
Moleque
Num quebro coco
Moleque
E num para de brincar



Caio Flavoni

Floricultor

Escolho cada mulher como se fosse uma rosa.
Cada uma com seus pequenos detalhes e perfume para compor um lindo buquê de flores
Pra deixar mais agradável e belo o ambiente em que vou vivendo.
Vou continuar procurando novos jardins, novas flores e novos perfumes
Mesmo que seja pra voltar para casa achando que já tem bastante flores pelo meu caminho e resolva parar.
...
Nãããão...
Não vou parar.
Ainda tem muitas flores no jardim a me esperar.


Caio Flavoni

Uma Garrafa só

Um gole de sim
Outro que eu quis
Ainda pareço um bêbado sendo escorado pelo vento.
Troco os meus sapatos
Engulo sapos
Saio feito despacho
Vivo sozinho
Sem dividir ziriguidum e telecoteco
Outro dia
Um novo prato
Na janela
Óculo quebrado
Onde eu estava sentado
Pra cima ou pra baixo
Vira pra lá
Deixa que eu ache
Enquadrar abstrato na fotografia
Parece fácil
Não sei se sai
Falar embolado
Já to acostumado
Colorir o sorriso branco do chateado
Besta é você que está ai de braços cruzados
Foliar meu mau gosto
Divino é o sagrado
Brando ao tato
Não fui eu que quebrei
Fiado só se for no bar ao lado
Saí ou não saí esse calango recheado
Me traz um suco de melado
Assim eu fico
Até a garrafa acabar


Caio Flavoni

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Produto do meio

monte mental
mono mental
som de metal
senti mental
corpo mental
mente mental
instinto letal

o instinto humano se não for utilizado de acordo com as recomendações na embalagem pode ser letal. por favor utilize as recomendações
esse produto é perecivel, porém reciclavel.

Caio Flavoni

sábado, 3 de janeiro de 2009

Brasileirinha Essência

Psicodelia a parte
Cada louco com sua natureza
Cada macaco no seu galho
Ou em seu quadrado
Como a galinha que se cria pra comer
Porque galinha que nasce sem quadrado em volta
Ham... o que caboclo
É ruim de pegar
Aprende a correr
Então corre!corre!
Em terra de brasileirinho que sabe correr
Toda fé é pouco
Todo santo é chei
Chei de milagres
Chei de devotos
Chei de pedidos
Chei de graça
È um vuco-vuco das massas
É festa
É som
É samba do crioulo doido
Até o galeguinho faz graça nessa casa
Pandeiro na mão de gringo
O máximo que sai e salsa
Na mão de brasileirinho
Saí cocada, sai sambalada, rapadura forrobodó e cachaça.
Sai muito doce,
Muito tempero
E muita falácia
Sai muito perfume bom também do jardim dessa casa
De flores de caule preto e pétalas multivariadas
Cada uma com seu tom de corlírio
Em uma meditação monge mental
Experimenta-se o gosto e a beleza
Centímetros de templo ornamentando nós nesse ser
Que vive
Que vivemos


Caio Flavoni

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Cama ela

Vou me arrumar
Ela ta me esperando
Ela sempre fica lá
No nosso cantinho me esperando
Melhor amante não há
Tem vezes que eu fico com ela até o dia clarear
Tem vezes que eu chego e o dia está pra raiar
E ela nunca abre a boca pra dizer um “a”
Sempre que eu me achego nela
Ela me esquenta,
Me abraça
E se quero ficar com ela o dia inteiro
Ela não reclama
Sempre me acolhe
É minha confidente
Sabe dos meus mais diversos segredos
Sobre meus detalhes
O que eu falo ela ouve
Ah! Se minha cama falasse

Caio Flavoni & Bebel Cecília

Pés

Nossos pés se encontram sob a mesa
Dando uma sensação boa, gostosa.
De conforto
De carinho de um pé pelo outro
Do respeito pelos chãos que cada um já pisou
Os pés se aconchegam nus uns sobre
Enquanto cá em cima as bocas se falam, se tocam.
E as línguas se tateiam
Os olhos se confortam na linha do horizonte
E um dentro do outro
E por ai se vai essa prosa boa
Nos gestos, nos encostes.
Dum pelo noutro na pele do outro.

Caio Flavoni