domingo, 21 de setembro de 2008
Amor corroe com o tempo
Reparei
Pesei
Repensei
Não consigo mais sentir
Eu apenas já me acostumei
O jeito
As brigas
As frases clichês que você cria
Os telefonemas no final do dia
Parece estranho dizer
Confuso de entender
Mas rotina é objeto da vida
Traição e apenas um ponto de vista
Do outro lado da rua
Da porta ao lado
Em cima da cama
Tanto faz
Eu sei que já não te amo mais como antes
Gosto!
Gosto que esteja sempre lá
Quando eu chegar
Quando eu precisar
Talvez isso tudo um dia tenha um fim
Mas saiba que por alguns anos foi apenas assim
Caio Flavoni
sábado, 20 de setembro de 2008
Delírio de Lírios
Sorrio com lírios
Delírios de lírios
Que lírios...
Sentidos coloridos
Instigam-me
Transcendendo
De um mago branco
Ao som dos ventos
Na dança dos lírios
Delírios de lírios místicos
Brotam do chão que piso
Verdadeiro o que sinto
Por rios de flores de Li
Carinhosamente
Assim vou lhe chamar
Em todas as estações que você florear
Caio Flavoni
Lua morena
Teus sorrisos são como pequenas ondas que chegam à beira da praia a cada besteira que falamos.
Teus olhos brilham como estrelas dentro da noite preta.
Teus longos fios de cabelo negro me lembram a noite inteira.
Teu perfume tem cheiro de flor da noite.
Forte...
Doce...
Então o pego no chão e levo comigo.
Pra lembrar da noite em que você veio me visitar morena
Sinto teu cheiro agora onde quer que eu vá.
Me fazendo acreditar que você vai voltar.
Isso deixa meus olhares loucos atrás de você.
Fico te procurando entre as nuvens.
Mas ontem você veio novamente.
Linda...
Vestida de branco, brincos de pena, teu cheiro de fulô e com aquele mesmo sorriso que sempre me encantou.
Minha lua morena venha me visitar sempre que a noite chegar.
Caio Flavoni
Lili
Não sei pra onde ela foi.
A ultima vez que a vi ela saiu por aquela porta.
Falando que queria conhecer pessoalmente a vida
Eu só vi que ela saiu com um vestido lindo todo bordado a mão.
Pelas costureiras que moram lá na beira do rio dos encantados
Pés descalços, um anel de prata.
Uma flauta na mão e viola nas costas.
Tocava seu encanto de menina e cantava as suas beleza de mulher
Abrigava-se em sua liberdade na arte, que corria nas próprias veias.
Quando ela passou por mim me deixou fotografias, que tirava com os seus olhos azuis dos lugares e caminhos que já tinha passado.
E daí me perguntaram:
- onde ela está agora?
Falei:
- ela mora aqui por essas bandas do mundo afora, entre a estrada da poesia e a arte de encenar.
- Vive por lá, mas sempre sai de casa pra caminhar e nunca diz quando vai voltar.
Caio Flavoni
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Perdidos
Vê se eu to por ai.
Dentro de algum verso teu.
No meio dessa tua bagunça.
Ali em cima da tua cama.
Dentro da tua bolsa.
Entre teu vestido preto e o teu prendedor de cabelo.
Anda...Vai...
Vê se me acha ai dentro.
Enquanto eu fico te olhando em pé aqui da porta.
Enquanto você me procura ai dentro.
Eu te acho.
Linda.
Perdida dentro dos teus próprios sentimentos.
Caio Flavoni
Conversa particular
Por dentro e por fora
Não tenho nada pra dizer por agora
Apenas ânsias
Para de me confundir
Quero mesmo e ver as tuas criações novas
Não há o que expor quando não se sabe o que quer dizer
Espera chegar à calmaria da primavera
Luas minguantes sempre me deprimem
Sou filha nativa
Podem até me apelidar de índia
Quando aprender a nadar me atrevo a ir até o mar
Todos os versos ainda seriam poucos pra caber na tua imensidão meu caro....
És infinito pra mim.
És particular
E que nunca mais isso se repita
Como você me expõe em publico desse jeito!?
Caio Flavoni
Princesa flor morena
Seja borboleta
Livre no ar
Colorida como no desenho de menina
Bela, rara flor morena.
Sei das tuas dores
Sei da luz que só você tem
A mística
E de toda tua alegria que contagia
Indecisões te fundem
Confundem
Tua natureza é ser feliz
Filha do sol
Nascem todos os dias
Renasce Renata todas as manhãs
Raios claros
Sentimentos bons
Encantos que fluem jogados ao vento
Gaya
Rainha, mãe natureza.
Proteja-a dos perigos do mundo
Salve ela da extinção do amor
Caio Flavoni
Na rua
Ela é da rua.
Não é mulher da rua.
Mas a conheci na rua
Onde ela não mora.
Onde eu a vi
Onde ela estava
Rua onde eu não moro
Mas passo
Na rua onde eu estava
No mesmo lugar
No mesmo instante em que passávamos
O sorriso dela me encantou
Na rua
Na rua em que não morávamos
Mas estávamos
Caio Flavoni
Sol`unação
Num raio infinito
Sem sair do chão
Momento a pureza risca a mão
Cegueira destino limpo
Alimento raro
Corpo sai do chão
Banho de beleza é o teu clarão
Sinto meu passo indo e vindo
Viro, traço, limpo
Separo os teus grãos
Certeza é a percepção
Grandeza nasce de um rio
Pequeno arredio
Explosão em vão
Turva é luxuria de um pidão
Vou num pulo de um grilo
Animal no extinto
Não dou satisfação
O céu um vazio cheio de perdão
Verdade é o que eu acredito
O simples eu permito
Mato a solidão
Sem medo vou por paixão
Caio Flavoni
Cristo se suicidou
Pular
Lá de cima do morro do corcovado
Quer pular?
Pula
Mas não fica daí de cima olhando
Esperando o sinal ficar verde
Aqui ta tudo
Fechado, parado, desempregado.
Ta reclamando de que
Aqui todo mundo se mata todo dia
Todo dia é dia de matar
Se correr o bicho pega
Se ficar o bicho come
Ta com fome?
Pula de cima da ponte
No centro do Rio
Os colonizadores acabaram de chegar
Tomaram o morro de assalto
Chegaram metendo o pé na porta
Agora se joga daí!!
Venderam tudo
O paraíso chamado Rio de Janeiro acabou
A estação primeira mangueira faliu
O samba entrou em extinção
Você já não tem mais o titulo de maravilha
Agora você é apenas uma clandestina.
Escondendo-se dos vícios e da rotina.
A cidade aonde havia um cristo
Não existe mais
Ele se matou
Não agüentou
Se jogou
Entrego a cidade de braços abertos em cartões postais
Caio Flavoni
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Andando
Ando...
Falando
Conversando
Ando...
Pensando
Observando
Ando...
Escutando
Conhecimento
Ando...
Vendo
Coisas belas
Ando...
Lembrando
Você me beijando
Ando...
Sorrindo
Ando...
Chorando
Ando...
Perdido
Pelas praias e ruas do Rio De Janeiro
Ando...
Guiado
pelo vento
Ando...
Mudando
Mudado
Ando...
Por ai
Caminhando...
Caio Flavoni
O Chão Tem Sede.
Como numa obra de Ariano Suassuna
Vem que surge um pequeno ser no meio daquela
Tarde avermelhada de sol quente, chão seco e rachado.
Uma pequena gota de água molhada
Que vem lá de cima das nuvens gordas de algodão
Cai por cima do chapéu de couro do caboclo do cangaço
Escorre pela aba
Até cair no chão daquela secura toda do sertão
E como na correria de um calango que sai fugido
Da boca de uma cascavel chucalhenta
O cheiro da chuva vem molhar a brisa seca
A poeira baixa
O solo sede
Com a sede do chão
Se rompe na seca do sertão
Já vejo o sol tremulo
Entrando no horizonte
Passarinho se cala
É chuva.
Gotas se desprendem do céu
Milhares, múltiplas e infinitas.
Gotas a se perder de vista
Caem sobre a tarde avermelhada
Brotam e alimentam
O sorriso do velho
O couro do gado
A semente no chão
A magreza do sertão
Os buracos do chão se enchem de água
As bocas cheias vento se fartam
Da fé de um santinho protetor
Escorrem
Esfarelam-se
Bebendo da alegria em Folia de Reis
Alumiando todo aquele sonho dourado chamado sertão
Os pés que batem num baque solto de terra batida
Agora dança ao som da rabeca, viola, marimbau e flautas de pífano
Agradicendo a gotinha milagrosa que caiu do bucho do céu
E molhou os pés calejados da secura desse chão.
Caio Flavoni & Thais Merçon
(dedicado a Thais Merçon que me presenteou com musicas do Quinteto Armorial.).